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sábado, 26 de outubro de 2013

Operação Pasárgada - O Fim (parte 1): Catástrofe

 
Ano 2 - Dia 169

As coisas estavam calmas na estação espacial Pasárgada. O doutor Kerbraga havia decidido estender o período em que os tripulantes permaneciam a bordo, de modo que o trio formado por Juca Kerreira, Tom Kersouza e o médico Dorival Kerviana tinha acabado de ultrapassar seu récorde de 100 dias em órbita. Mal sabiam eles que o tédio estava prestes a dar lugar ao terror absoluto.


Foi mais uma decisão ruim do centro de comando. Meses antes, o telescópio espacial Visionário I tinha detectado um grande cometa pouco além da órbita de Jool. A princípio não deram muita importância ao novo cometa, que apenas foi catalogado como Cometa 22. O Visionário acabou perdendo contato com a base devido à má qualidade das peças utilizadas, mas não antes de mostrar que a enorme atração gravitacional do gigante verde não apenas havia partido o cometa em vários pedaços, como também tinha colocado esses pedaços em uma rota que passava perigosamente próximo de Kerbin.


Os nossos intrépidos kerbonautas descobriram o quão perto a espécie kerbal esteve da extinção naquela manhã de domingo, quando uma leve sacudida os arrancou de seu sono. Um micro meteorito havia arrancado um dos painéis solares da estação. O que aconteceu foi o seguinte: os pedaços do Cometa 22 haviam errado o alvo, se seu alvo fosse Kerbin, por apenas alguns milhares de quilômetros. Centenas de pedaços, muitos deles maiores do que casas bem grandes, impactaram com a superfície munar a centenas de km por segundo. O resultado foi um cataclisma, com a formação de incontáveis novas crateras e dejetos sendo lançados em todas as direções. Alguns detritos da superfície munar chegaram até Kerbin, e teriam sido inofensivos se nossos amigos estivessem, assim como o resto de sua espécie, protegidos na segurança da atmosfera do seu planeta natal.


Juca, Tom, Dorival e o residente permanente da estação, Hermann Kering, não sabiam nada disso. Na hora, só tiveram tempo de colocar os trajes espaciais, e mal tinham começado a avaliar os danos quando estes se tornaram bem mais fáceis de avaliar: um segundo detrito atingiu o centro da estação!


A explosão arrancou o Arretado I de sua porta de atracagem, além de partir a estação em vários pedaços, que foram lançados lentamente em várias direções.


Era o fim de Pasárgada, mas por uma sorte tremenda, a seção habitável onde estavam nossos heróis permaneceu ilesa.


O comandante responsável no local era Juca Kerreira, que já havia demonstrado cabeça fria em situações de emergência. Juca não perdeu tempo: antes que as seções se distanciassem demais umas das outras, ele buscou sozinho o pedaço da estação onde estava atracada a nave de retorno Avexado IV.


Enquanto isso, os outros três kerbonautas discutiam as suas opções. A cabine habitável estava inteira, mas não havia certeza de que não tinha algum dano estrutural. O protocolo dizia que os kerbonautas deviam entrar nos módulos de fuga e retornar a Kerbin, mas Dorival os lembrou de que o idoso Hermann Kering talvez não sobrevivesse à reentrada. As acelerações do pouso e a gravidade do planeta seriam demais para os ossos do velho bilionário.


Em conferência com Juca pelo rádio, a tripulação chegou a uma solução: Kering permaneceria em órbita, a bordo do Avexado IV. Juca tinha inspecionado o veículo e não encontrou problemas. Com ele ficariam o comandante e o médico. Tom usaria um dos módulos de fuga, já que no Avexado só cabiam três.


Os poucos minutos de conferência entre os kerbonautas foram o suficiente para as seções da moribunda Pasárgada se distanciarem várias centenas de metros. Tom teve algumas dificuldades em localizar o pontinho branco que devia seguir, e não teria conseguido não fosse o radar do Avexado IV.


O kerbonauta se aproxima da seção, torcendo que os módulos de fuga estejam inteiros.


Ele passa pelo Avexado IV, e começa a inspecionar os módulos. Enquanto isso, Juca continua tentando restabelecer contato com a base.


Tom escolhe o módulo mais próximo, e vê que está tudo inteiro, pelo menos por fora.


Enquanto o kerbonauta confere o manual de instruções do módulo e se familiariza com o procedimento de pouso de emergência, Juca desacopla o Avexado IV.


Em seguida, ele aproxima a nave da seção habitável. Felizmente o "braço" arrancado da estação tem uma porta de acoplagem própria.


O Avexado IV se conecta à seção habitável onde Dorival e seu paciente, o velho Kering, aguardam.


Com a nave acoplada, eles transferem o velho bilionário para o banco do passageiro no Avexado, e se preparam para partir.


Finalmente Juca, Dorival e Hermann abandonam a estação, levando o Avexado IV a uma órbita alguns km acima.


Tom acabou de verificar o módulo de fuga, e descobriu em sua leitura do manual de instruções que esse procedimento ainda não foi testado, o que não o deixou particularmente muito tranquilizado.


Da janelinha do módulo de fuga individual, ele se despede dos destroços da estação que foi seu lar nos últimos 104 dias.


Em seguida, ele posiciona a nave contra a direção da órbita e aciona os foguetes de emergência. Esses pequenos foguetes de combustível sólido só são bons para um uso, de modo que um erro de cálculo pode deixar Tom preso em órbita para sempre.


Felizmente o cálculo não é muito complicado, e poucos minutos depois a cápsula penetra na atmosfera do planeta.


A reentrada é o momento mais crítico, mas não chega a impor perigo.


Os paraquedas são finalmente acionados.


Lentamente, Tom flutua em direção à superfície do oceano, decidido a não colocar os pés em uma nave espacial nunca mais.

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